sábado, 29 de agosto de 2009

As palavras


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

               Eugénio de Andrade

sábado, 22 de agosto de 2009




“Pode ser esta noite quente
a estrada aberta mesmo à nossa frente
e tu e eu a descobrir o ar
não é preciso correr
não é urgente chegar
o que é preciso é viver”.

MF.