domingo, 30 de março de 2008

Sem ti ...

Convenci-me que conseguiria continuar sem ti…
Virar as costas e chorar baixinho,
Até que do vazio nascessem sombras regadas pelas minhas lágrimas
E que a porta que se fechou deixasse entrar o sol por uma fresta,
Tímido ao princípio,
Forte o suficiente para aquecer as sombras e
Transformá-las em verde de esperança.
Pensei que se não te dissesse adeus,
Não guardaria nos lábios o gosto dos teus beijos,
No corpo, o calor dos teus braços
E na lembrança, o cheiro da tua pele quente.
Achei que poderia fingir
E apagar memórias cravadas como ferro quente
Na pele esculpida pelos teus carinhos,
Até que mais nada restasse do que poros vazios de sentir
E folhas em branco por preencher.
Cuidei mesmo que te poderia esquecer
Como se esquece a cor do primeiro banco de escola
Ou a dor da primeira ferida.
Esqueci-me que não consigo fechar a porta
E que não há luz para além da tua presença…
Que fazes parte de mim
E que o teu cheiro mora nas minhas entranhas
Como o passar dos dias…
Não contei com as noites que me trouxeram os teus beijos
Molhados pelas lágrimas da manhã
E cortantes como a dor da tua ausência…
Não, não consigo arrancar-te do meu peito
E seguir viagem amputada de vida…
Antes sofra por amor a ti,
Do que me gele o sangue nas veias
E aprenda a contar os dias
Como tábuas rasas.
Antes morra num momento
Do que viva sem tempo…



Autor: Desconhecido